KLEE, A UTOPIA DO MOVIMENTO

Otilia Beatriz Fiori Arantes

Resumo


O presente texto é um comentário à famosa afirmação de Klee: “a arte não reproduz o visível, ela torna visível”, interpretando-a, à luz do ensaio L’oeil et l’esprit de Merleau-Ponty, como uma “filosofia figurada da visão” em que contam menos os objetos do que as sensações e os gestos do artista: a pintura como um movimento em ato, numa luta constante contra o despotismo do olho, ou da “representação” – segundo a tradição clássica pictórica. Só assim, subvertendo esta última, podese entender o programa estético kleeniano: “a utopia de uma obra de arte puramente dinâmica”. Analisando textos e obras de Klee, a autora procura decifrar o que seja para ele uma “pintura como movimento”, em que medida tais “formas-motrizes”, criadas pelo artista, agem sobre o espectador – olho e corpo –, transformando sua percepção passiva em operante. Ou seja, como, segundo Klee, passar dos objetos às sensações é passar de um saber do olho a um saber – ou sentir – do corpo, é abandonar o puro entendimento ou a razão em nome da sensualidade, ou de algo como o “desejo” enquanto força-produtiva (o conceito é de Jean-François Lyotard em Discours Figure).

Palavras-chave: Klee. Movimento. Visão corpo.


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